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Você pode não gostar dela, achar seu CEO estranho ou reclamar de seus produtos, mas o fato é que a Meta é uma excelente empresa de tecnologia. Com o lema “Mova-se Rápido e quebre as Coisas”, a empresa fundada por Mark Zuckerberg tem produtos que são utilizados por 3 bilhões de pessoas todos os dias e incluem WhatsApp, Instagram e Facebook. A empresa vale US$1.3 trilhões, faturou US$134bi e lucrou US$39bi em 2023.
Uma parte fundamental desse sucesso é a sua proatividade em abraçar novas plataformas. A Meta é rápida e investe com escala. Nem todas as apostas vingam, mas os acertos são exponencialmente maiores que os erros.
Sua postura é exatamente a oposta da Intel, que analisamos semana passada e vale a pena ler os dois artigos juntos para entender as diferenças.
Se tiver apenas um minuto, segue um resumo:
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A Meta conseguiu surfar todas as novas ondas de tecnologia.
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Na Nuvem ela aumentou sua confiabilidade, escabalibidade e eficiência.
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Com o Smartphone, estabeleceu seu domínio sobre as redes sociais e comunicação.
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Em Blockchain, os resultados ainda não vieram, mas seus projetos tinham potencial.
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Em VR, ela se posiciona para uma revolução no hardware.
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Finalmente, com IA, ela esta melhorando todos os seus produtos e se colocando no centro desta revolução tecnológica.
A Empresa que Abraça Novas Plataformas
Zuckerberg apresentando o lema do Facebook
Desde que foi fundada em 2004, a Meta (ex-Facebook), viu o surgimento de diversas plataformas computacionais. Em cada uma delas, ela tentou construir produtos, infraestrutura e criar diferenciais competitivos. A abordagem da Meta não é de apenas participar dessas novas plataformas, ela quer liderá-las.
Vamos analisar seus movimentos em cada uma delas:
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Nuvem
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Smartphones
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Blockchains
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Realidade Virtual
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Inteligência Artificial
Nuvem: A Base Invisível do Império de Zuckerberg
O Facebook sempre foi conhecido pela sua excelência operacional. O site nunca saia do ar. Isso é fundamental para um serviço de uso diário. A Nuvem oferecia uma solução com confiabilidade, escalabilidade e eficiência. Era a solução para a dependência de soluções terceirizadas para suas necessidades de processamento de dados.
Em 2009 a empresa começou o desenvolvimento de seus próprios Data Centers. Dois anos depois, inaugurou o primeiro em Oregon, totalmente projetado pela Meta. Depois vieram mais 24, com investimentos de dezenas de bilhões.
Data Center da Meta na Irlanda
A Meta lançou o “Open Compute”, um projeto em que ela compartilhou os designs de hardware de seus Data Centers para qualquer um copiar. Isso trouxe melhorias de otimização, redução do consumo de energia e custos operacionais. Em paralelo, seus engenheiros desenvolveram tecnologias que dava a companhia controle granular sobre suas operações. A Meta se posicionou como líder no espaço de infraestrutura de Nuvem.
Apesar de parecer óbvio hoje, nem todas as empresas fizeram movimento semelhante. Por exemplo, a Yahoo não investiu em Data Centers ou em soluções de Nuvem. A empresa ficou preso numa infraestrutura legada, o que limitou sua capacidade de inovação e escalabilidade.
A Dominação dos Smartphones
Imediatamente populares, os smartphones rapidamente se tornaram a plataforma dominante para acesso à internet. O Facebook tinha sido construído para PCs. As telas menores e interfaces de toque do celular eram diferentes. Este era um problema existencial para a companhia. As primeiras iniciativas para adaptar o Facebook para o celular não foram bem sucedidas. Era preciso de medidas drásticas.
Aplicativo Original do Facebook
Zuckerberg anunciou que a Meta passaria a ser uma empresa “mobile-first”, ou seja, qualquer nova funcionalidade do Facebook teria que ser desenhada pensando na experiência do smartphone. O desktop ficaria em segundo plano.
Para deixar claro a importância dessa decisão, Zuckerberg informou a empresa inteira que ele passaria a trabalhar apenas do seu telefone. Ele não teria mais computador. Rapidamente o time construiu novas versões do aplicativo, o que aumentou o engajamento dos usuários de celulares.
No entanto, o tempo perdido deixou um flanco aberto para novos concorrentes “mobile-first”. O Efeito de Rede do Facebook poderia ser desafiado pois uma nova plataforma deixa os consumidores dispostos a “começar a vida digital do zero”.
Zuckerberg resolveria isso via aquisições. Em 2012 a Meta adquiriu o Instagram, uma empresa com 13 funcionários e sem receita, por US$1bi. Dois anos depois, adquiriu o WhatsApp, que tinha 55 funcionários e também não gerava receita, por US$19bi. O CEO da Meta não estava de brincadeira.
A empresa se manteve vigilante em smartphones: anos depois copiou descaradamente o Snapchat com o seu Instagram Stories e o TikTok com o Reels.
As Tentativas em Blockchain
A Meta começou a explorar ideias em Blockchain em 2017. Esses esforços culminaram no Projeto Libra em 2019, uma iniciativa ambiciosa para criar uma criptomoeda global que pudesse facilitar transações financeiras de maneira eficiente e com baixo custo.
O objetivo? Revolucionar o sistema financeiro global. Faltou apenas combinar com os russos…
Grupo de Empresas fundadoras da Libra
O Projeto Libra foi alvo de críticas dos reguladores, governos e instituições financeiras pelo mundo. Haviam preocupações com privacidade, segurança, e o potencial impacto nas moedas nacionais. As polêmicas fizeram com que os parceiros fossem deixando o projeto, que foi descontinuado em 2022.
No entanto, a Meta não abandonou a Blockchain. Em 2022 foi lançada uma integração de NFTs com o Instagram. A ideia é explorar como as redes sociais poderiam facilitar a criação, venda e troca de ativos digitais, criando uma nova onda de engajamento e monetização.
NFTs no Instagram
Realidade Virtual
Existe aqui uma questão estratégica importante. Uma das maiores fraquezas da Meta é que os usuários de seus aplicativos os acessam dentro de sistemas fechados, como os do iPhone.
Isso quer dizer que a Apple pode a qualquer momento mudar as regras da Apple Store e não tem muito que a Meta pode fazer em relação a isso. Essa dinâmica já foi tema de artigo do bsb. A empresa é tão submissa à Apple, que Zuckerberg uma vez mandou um e-mail para todos os seus funcionários desmentindo que a Meta tentaria criar um aparelho de smartphone próprio. A mera fofoca sobre um projeto desse tipo atrapalhava a relação dela com a Apple.
Mas, e se as pessoas acessassem seus aplicativos via outro dispositivo?
Um que fosse completamente diferente do smartphone, em que a Apple não possui dominância?
Neste caso, a Meta poderia competir. Um exemplo disso: um óculos de Realidade Virtual.
Modelo recente da Oculus
Diminuir a sua dependência e subserviência à Apple tem sido um dos sonhos de Zuckerberg desde que ela dominou o mercado de aplicativos de smartphones.
Mesmo com muitos céticos que afirmam que Realidade Virtual é algo que nunca terá adoção popular, o principal argumento é que os óculos são feios e deixam as pessoas enjoadas, a Meta continua apostando na tecnologia. Se existir uma pequena chance dela deixar de ser dependente da Apple, já vale a pena investir.
A Meta comprou a Oculus VR em 2014 por cerca de US$2bi. Esse movimento posicionou a Meta como líder no mercado de VR.
Zuckerberg desenhou uma estratégia em que a Meta poderia não apenas dominar em VR, mas que isso abriria espaço para ela entrar no rico segmento corporativo. As pessoas não usam o Facebook ou Instagram para reuniões profissionais. Aqui no Brasil o WhatsApp é usado para fins profissionais como coordenação de equipes, mas isso não é monetizado.
E se as pessoas passassem a trabalhar com óculos de VR e fazer reuniões de forma remota? Com a pandemia e as pessoas em casa, Zuckerberg viu sua chance. A empresa Facebook passaria a ser uma empresa também de ambientes virtuais, o chamado Metaverso.
O Metaverso é uma rede de alta escala, interoperável, de ambientes 3D virtuais que podem ser experimentados de forma sincronizada, continuamente, por um número ilimitado de pessoas, com uma sensação de se estar presente. Isso inclui continuidade de dados, como identidade, histórias, ativos, objetos, comunicação e pagamentos.
Imagem de Divulgação do Metaverso da Meta
Esse assunto também foi tema de duas análises do bsb (aqui e aqui). Zuckerberg estava tão convicto dessa oportunidade que fez o ato simbólico de mudar o nome da empresa de Facebook para Meta. O comprometimento de gastos com o Meta Reality Labs era estimado em US$25bi/ano. Em 2021, os gastos já estavam em US$10bi.
Essa obsessão com o Metaverso cobrou seu custo. A empresa diminuiu o ritmo de crescimento, viu suas margens piorarem e a ação despencar. O custo da aposta ficou alto demais. Para empresas de tecnologia, o valor da ação tem um impacto no dia a dia do negócio, dado que a maior parte da remuneração dos executivos se dá via ações.
Zuckerberg e sua equipe apertaram o freio no Metaverso, organizaram a casa e fizeram a ação da Meta quintuplicar desde a mínima dos últimos 2 anos.
Performance da Ação da Meta
No entanto, a Meta não abandonou as iniciativas de VR. Ela ainda é líder no segmento, que pode se tornar uma frente importante na batalha das empresas de tecnologia.
Em paralelo com os óculos de VR, a Meta já tentou criar dispositivos para comunicação em casa e também tem uma parceria com a EssilorLuxottica, empresa dona de marcas como Ray-Ban, com quem lançou “óculos inteligentes”. No entanto, estas iniciativas são secundárias.
A empresa atualmente está priorizando investimentos numa plataforma de maior potencial: a Inteligência Artificial.
Apostando tudo em IA!
Publicidade e Personalização de Conteúdo
Em abril de 2021, a Apple lançou uma nova atualização do seu sistema operacional, o iOS. Foi uma demonstração do seu poder. Ela mudou suas políticas de privacidade, o que fez com que os anúncios que a Meta vende aos anunciantes tivessem uma menor personalização e segmentação, o que se traduz em menor eficiência. Em resumo, a Meta virou um produto pior para seus clientes, que são os anunciantes.
Como ela reagiu? Utilizando modelos avançados de IA para prever quais anúncios e conteúdo são mais prováveis de engajar os usuários. Esses modelos analisam grandes volumes de dados, identificam padrões de comportamento e ajustam continuamente as campanhas publicitárias para maximizar a eficácia.
Ferramentas para Criadores e Negócios
Ferramenta de IA para Edição de Imagens
A Meta também está desenvolvendo ferramentas baseadas em IA para ajudar criadores de conteúdo e empresas a otimizar sua presença em suas plataformas. Um exemplo é o uso de IA para sugerir quais combinações de imagens, textos e layouts são mais eficazes em campanhas publicitárias. Ela também utiliza IA para que empresas criem anúncios dinâmicos que se adaptam automaticamente ao comportamento dos usuários, oferecendo produtos ou serviços baseados em interações anteriores.
Pesquisa Avançada
A Meta é também uma das maiores impulsionadoras da pesquisa acadêmica em IA. Seu braço de pesquisa, Meta AI, está focado em avanços que vão além das necessidades imediatas da empresa, contribuindo para o campo da IA em geral. Alguns dos temas pesquisados são Visão Computacional, NLP (Natural Language Processing), Estudos de Ética para IA.
Meta: a verdadeira “Open AI”
Mais importante que estas iniciativas acima, é o fato que a empresa se tornou, ao longo dos anos, a mais poderosa defensora da filosofia open source no campo da Inteligência Artificial.
Essa abordagem não é apenas sobre compartilhar código, mas também sobre criar uma comunidade global de inovação, promovendo a transparência, acelerando o progresso tecnológico.
A empresa lançou várias ferramentas e bibliotecas de código aberto que são amplamente utilizadas. Por exemplo, o PyTorch é uma biblioteca de deep learning, com milhões de downloads.
A Meta investiu bilhões de dólares em infraestrutura, incluindo data centers especializados e supercomputadores dedicados à pesquisa em IA. A empresa é uma das maiores compradoras de GPUs da Nvidia.
Llama 3.1
Em julho desse ano a Meta lançou o Llama 3.1, um modelo de IA com 405 bilhões de parâmetros. Ele foi treinado utilizando 16.000 GPUs da Nvidia e rivaliza com outros modelos de IA proprietários, como o GPT-4 da OpenAI.
O Llama 3.1 é open-source, permitindo que desenvolvedores usem e adaptem o modelo em suas próprias infraestruturas a um custo significativamente menor do que o de outros modelos proprietários.
Zuckerberg inclusive escreveu uma carta aberta enfatizando a importância do código aberto para o futuro da IA. Ele argumenta que o open-source é crucial para democratizar o acesso à tecnologia de IA, garantir que o poder não fique concentrado nas mãos de poucas empresas, e acelerar o progresso em áreas como a pesquisa médica e científica. Enquanto a OpenAI tem o nome “Open”, é a Meta quem está se mostrando a empresa aberta nessa tecnologia.
Conclusão
A Meta é uma empresa que não tem medo de errar, de aprender rapidamente, e de se adaptar a novas plataformas. Seja transformando smartphones na principal via de conexão entre bilhões de pessoas, investindo pesado em infraestrutura de nuvem, apostando no futuro do Metaverso ou fazendo da IA uma tecnologia aberta, a Meta continua a redefinir o que significa ser uma empresa de tecnologia no século 21.
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Edu
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